Celebração em Ação de Graças pelo Patriarca Emérito Alberto I

“Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!.” (Mateus 21,9)

Hoje estamos aqui reunidos por grandes motivos que nos deu o Salvador, primeiro pelas vésperas das celebrações do mistério sacrificial da Santa Cruz, que é a base de nossa fé e a ação salvífica de Cristo; em segundo lugar, não menos importante, para render graças a Deus-Pai pelo santo pontificado, que nesse momento declina, de Dom Alberto I, tal qual o emérito e bem-aventurado Bento XVI (in memoriam), resolveu trilhar o caminho do descanso e refrigério, após toda uma vida genuinamente cristã de renúncias e sacrifícios dedicada a essa Cátedra. Eu afirmo com grande júbilo e uninamidade que a história da CEMIC será contada na perspectiva antes x depois da passagem do Patriarca Alberto I. Seus valorosos préstimos trouxeram à igreja micro uma projeção intermicronacional e muita admiração e respeito, numa época de escuridão e incertezas em que a extinta MIC jazia ofegante e a CEMIC, tal como foi concebida se restringia às fronteiras francesas. Nesse momento o Espírito providente sopra sobre a áurea cúpula da cabeça do então cardeal Costino e o outorga as chaves e o destino da Igreja micro, ah! e como é infinitamente sapiente o mover do Espírito Santo, de igual modo esperamos que sejam inspirados os irmãos cardeais eleitores do Colégio para escolherem, à luz do Evangelho do Crucificado, um digno sucessor.
 
Ainda hoje, irmãos e irmãs, devemos nos alegrar e celebrar a vida do Patriarca emérito, exultar de alegria porque ainda o temos em nosso meio com vitalidade e sabedoria, pois a algoz Morte, vencida e humilhada por Cristo, no mistério pascal; a Morte não o alcançou, não interpôs sobre ele suas gélidas mãos do sono eterno e, portanto podemos comemorar e recordar os grandes feitos de Alberto I, servo dos servos de Deus – Servus Servorum Dei. Com votos de saudável convívio, espero que o próximo Pontífice do mundo micro beba insaciavelmente da fonte de sabedoria e aconselhamento desse grande homem e santo religioso. O luto hoje não nos assombra, Vossa Beatitude, antes sopra uma brisa de lamento e uma ruga de preocupação se desenha em nossas faces, pela perda de vossa liderança, porém confiantes em Deus que governa vossa Igreja terrena sabemos que a sucessão está resguardada e que estes são tempos muito desafiadores para todo o micronacionalismo, tempos sombrios de ignorância, tempos agressivos para a tradição e a Sã-Doutrina, tempos de extrema relatividade pecaminhosa, tempos vazios de inatividade; onde estão os promissores micronacionalistas das novas gerações? Onde estão as vocações sacerdotais do mundo micro? Onde estão os fiéis CATÓLICOS do micromundo? Que irão agarrar-se aos andores da Santa Igreja e prosseguir a caminhada como outrora o povo de Israel atravessou o árido deserto.

Fizestes vós, Beatitude, a vossa parte, muito aplausivamente, a exemplo de Paulo combatestes o bom combate, encerrastes a carreira e guardastes a fé, como legítimo farol do Ocidente. A partir de então lhe cabe aguardar a coroa da justiça, separada para vós no dia do grande reecontro. Nesse momento em nome da Igreja de Cristo, peregrina do micromundo, católica e firme na tradição apostólica, gostaria de lhe oferecer toda nossa GRATIDÃO, uma unívoca moção de aplausos e um mui sincero OBRIGADO! Palavras são incapazes de traduzir todo nosso sentimento por vós. A CEMIC hoje celebra um sacrifício duplo, o mais importante e renovável na liturgia eucarística, a grande relação de amor entre Jesus e sua Cruz e o sacrifício de vida de nosso Patriarca emérito,   vida sacerdotal, vida missionária, vida celibatária. E o recebemos com os ramos de oliveiras nas mãos, estendendo nossas vestes ao solo, pois é BENDITO, como nos ensina o Evangelho, “bendito seja todo aquele que vem em nome do Senhor!”.

São Paulo aos Colossenses, por sua vez, nos diz: “E tudo o que fizerem, seja em palavra, seja em ação, façam em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. (Cl 3.17). Dar graças em tudo implica reconhecer a mão de Deus em cada circunstância que nos cerca, em cada pessoa que “entra em nossa vida”, e entendendo que, se tudo vem da mão de Deus, consequentemente é bom. Tudo está de acordo com os planos, a sabedoria e o poder de um Deus santo, justo, amoroso e bondoso. A gratuidade é a maneira de tocar o coração e a vida das pessoas, de modo abnegado e desprendido; a gratidão é a resposta de quem teve o coração e a vida tocados por outrem. A gratidão, em última instância, refere-se ao reconhecimento de que o que somos e temos não é fruto, exclusivamente, de nós mesmos. Somos chamados à gratidão porque o que nos constitui como pessoas humanas são as relações que estabelecemos ao longo da vida: conosco, com os outros, com o mundo e com Deus. Por isso hoje sempre, em presença e um dia em memória damos graças a Deus pela dádiva da vida de Alberto I, que tanto teve a nos proporcionar e derramar sobre nós a unção de quem fala em nome de Cristo e por Ele.
Ouso dizer nesse momento fora da liturgia propícia: “Demos graças ao senhor, nosso Deus!”. (Todos dizem) “É nosso dever e é nossa salvação!”.

Patriarca emérito Dom Alberto I, durante a celebração

Muito obrigado Dom Alberto I, guardião da fé no micromundo, construtor da Igreja sem muros e servo primordial, entre os servos. Muito obrigado pelo vosso SIM, que a virgem Maria, mãe de Deus e da Igreja, que São Pedro, papa, que São Alberto, Patriarca de Jerusalém lhe conduzam de hoje em diante em sua reclusão e descanso cristão, e lhe abençoem em vida longa com saúde. Em sinal de reconhecimento beijo vossas mãos ungidas ao sacerdócio e que tanto trabalharam na vinha do Senhor e peço que humildemente abençoe a mim, implorando que jamais se esqueça deste vosso irmão, amigo confidente e servo, que tanto foi digno de vossa confiança. Melhor que eu, já com voz embargada, finde minhas palavras por aqui, antes que as lágrimas tomem de assalto
meus olhos.      
Por último, num impulso de esperança, deixo-vos esta mensagem, tão oportuna e que sirva como um ímpeto de otimismo e confiança:

“E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve; porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.” (Ap 21,15)
Que sejamos, pois novos, novos homens, pessoas novas, renascidos do caos, libertos dos grilhões da morte e da peste perniciosa, plenos de vida, de vigor e de novo impulso, pois a CRUZ de Cristo devolveu-nos não só a vida como o pódio da SALVAÇÃO.

Dom Isidoro Card. Gualda, decano

Decano do Sagrado Colégio Cardinalício
Cardeal-Arcebispo Metropolitano de Paris-Reims
Cavaleiro Grão-Colar da Ordem de Santa Joana D’Arc
Grão-Mestre da Sacrossanta Ordem de São Remígio
Prefeito do Distrito Eclesiástico de Reims
Barão de Dijon