Celebração da Páscoa do Senhor e Benção Urbi et Orbi

“Por que estais procurando entre os mortos Aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou!”

Hoje estamos aqui reunidos por grandes motivos que nos deu o Salvador, a morte, terrível algoz já não paira sobre o mundo, soberana com suas asas negras esgarçadas, pois Cristo tendo descido a sua morada venceu seu império de terror e lágrimas. Agora, novamente, como dádiva sacrificial que se renova no mistério da cruz, podemos cultivar a esperança da ressurreição e vida eterna e crer que verdadeiramente somos cidadãos dos céus, destinados à pátria celeste e herdeiros do grande tesouro da Salvação que torna incorruptível nossas almas seladas com a água e fogo do batismo. O Evangelho de hoje nos impele com grande alegria a espalhar a Boa Nova do Cristo ressuscitado que removeu de nossas vidas a pedra do sepulcro e não poderia ser de outra forma, uma vez que a vítima voluntária da imolação pascal sofreu, sangrou, foi torturado e morto como o mais vil dos seres humanos, porém ressurgiu triunfante como Rei de todo o universo e luz resplandecente que ilumina e santifica toda a sua Igreja e seu povo.

Maria Madalena nos representa ainda na escuridão do luto, atordoados pela perda e sofrimento, no início da Igreja primitiva, indo buscar no cadáver de Cristo alguma força para continuar vivendo, anestesiada pela dor, passa por incrédula de seus ensinamentos sobre a Páscoa e é quando a treva da madrugada do grande vazio que envolveu o mundo inteiro vai sendo preenchida pela luz da manhã de um novo dia, de tempos novos. O túmulo está vazio, mas repleto de uma claridade de atmosfera angelical, segue-se esse episódio com a conferência dos apóstolos no sepulcro, pois precisavam ver para crer, nós, porém nos convencemos com o que testemunha Paulo aos Coríntios: “e, se Cristo não foi ressuscitado, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (I Cor. 15:14). Logo uma pessoa só é considerada CRISTÃ se acredita que Cristo venceu a morte e está vivo e, portanto, a ressurreição é o fundamento maior de nossa fé.    
Desse modo conjuntamente com a virgem Maria, somos contaminados pela alegria do Ressuscitado e reiteramos à mãe nesse momento de grande júbilo, como quem provoca a si mesmo a encher-se de esperança e nova fé, recordando também da saudação do arcanjo Gabriel dirigida à jovem Maria, quando de outra forma rezamos:

A maior e mais preciosa mensagem que o tempo pascal nos ensina  é que é possível sempre recomeçar, a vida cristã é feita de persistência e fé, existe sempre uma esperança de vida nova em Cristo, de vaso novo, de criatura nova, pois o mesmo Jesus nos prometeu que faria novas todas as coisas. A partir de escombros e morte, Deus pode restaurar em nós uma digna obra de arte e para desfrutar das glórias celestiais é preciso antes passar pelo Calvário, foi assim com o Filho de Deus e esse é nosso caminho de expiação. O Santo Padre nos ensina que em sua Páscoa, Jesus demonstra que a nossa fé não é um repertório do passado, Ele não é um personagem ultrapassado, mas está vivo aqui e agora e caminha conosco todos os dias. Portanto não importam as tuas dores, não importa se tens chorado, o que tens sofrido, o luto que tens vivido, as trevas em que te encontras, deixe que a luz de Cristo ressuscitado, a alegria da Páscoa, a esperança da vida te envolva e que o Círio pascal encarnado, o cordeiro triunfante ilumine e oriente teus passos.

Não poderia deixar de dirigir algumas singelas e humildes palavras referentes a minha eleição como PATRIARCA do micromundo e sumo pontífice da CEMIC. Quiseram meus irmãos cardeais buscar na França um indigno primaz, desejaram que eu fosse utilizado com instrumento de trabalho para apascentar as ovelhas do rebanho do Senhor, na responsabilidade imensa de renovação e revitalização da Igreja no micromundo, de reerguer antigas pontes e reestabelecer novos diálogos para que o Evangelho jamais deixe de ser anunciado por todas as nações. Priorizo uma Igreja missionária, ardente na fé, na caridade cristã, fiel às tradições e à sã-doutrina recebida dos apóstolos em nome de Cristo. Uma Igreja que mantenha bons relacionamentos com todos, que seja bem-vinda em todos os lugares, que seja ouvida e respeitada com a autoridade de Jesus na terra e peço as vossas orações e preces para que eu seja bem sucedido na minha missão de servo servus dei, o servo entre os servo, que também tem a sua cruz a carregar como bom imitador de Cristo. Para mim é uma indescritível honra voltar a ocupar a cátedra de governo na qual um dia já me sentei, de onde redigi as letras de fundação e lançamento da Comunidade Eclesial Micronacional, sob total aval de SMR Dom Fernando Valois (in memoriam), o rei francês Protestante, a quem ofereço uma prece sincera e homenagem. Peço-vos confiante na fé que nos une, rezem pelo seu Patriarca! Dou-vos a minha benção.

+Dom Antonius I

O Patriarca
Cardeal-Arcebispo Metropolitano de Paris-Reims
Cavaleiro Grão-Colar da Ordem de Santa Joana D’Arc
Grão-Mestre da Sacrossanta Ordem de São Remígio
Prefeito do Distrito Eclesiástico de Reims
Barão de Dijon